Nossa Senhora do Cerrado, protegei nossos Athos!

Nesse último mês colaborei com a revista Casa Vogue [foram pelo menos 200 páginas de arquitetura, decoração, urbanismo...], depois tive o prazer de ir a Brasília trabalhar numa revisão e voltar correndo pra São Paulo e fazer a revisão de um livro falando sobre... Brasília! É o livro do meu amigo fotógrafo Leonardo Wen, que em hora super oportuna está prestes a sair do forno.

Certa vez li que "em Brasília assuntos como arquitetura e política se misturam mais facilmente com qualquer outro", e isso é a mais pura verdade. É difícil de explicar pra quem é de fora... mas vamos concordar que quem nasce nessa cidade deveria sentir uma pontadinha de euforia quando ouve falar em Burle Marx, crescer sabendo quem são Oscar Niemeyer e Lucio Costa, e se derreter por Athos Bulcão... E longe de mim querer impedir alguém de decorar os espaços onde vive... Mas uma boa decoração há de ter bom senso e um mínimo de informação. Quando vi hoje a reportagem do Correio Braziliense sobre as reformas das fachadas nas asas Sul e Norte me deu um aperto no coração... principalmente ao ler alguns comentários, que defendiam uma suposta busca por "modernização". Me fez lembrar uma época em que trocamos vários móveis da minha casa por móveis tubulares [aqueles horrorosos que foram febre nos anos 1980]. Até hoje me emociono quando me deparo com móveis "antigos" como os que deixamos para trás em troca dos monstrengos tubulares. Graças a eles perdemos várias peças lindas, em nome da "modernidade" cafona da década de 80... Por isso, fica a dica: Há de se ter um cuidado com essa "modernização" em decoração, os móveis tubulares não me deixam mentir.

Ilustração: Humberto Firmo